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Notícia

Em parceria com o Fotofestival SOLAR, Pinacoteca do Ceará abre duas novas exposições que convidam o público a mergulhar em um Brasil político e diverso
09/12/2024

A Pinacoteca do Ceará abre duas novas exposições no dia 11 de dezembro (quarta-feira), a partir das 18h. As mostras convidam o público a mergulhar em um Brasil político e diverso. Com curadoria de Orlando Maneschy e curadoria adjunta de Keyla Sobral, “Delírio Tropical” traz 133 artistas de todas as regiões do país e de diferentes gerações que usam a imagem como elemento decisivo na construção de seus discursos. No mesmo dia, o museu também abre a mostra “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985”, com curadoria de Thyago Nogueira e assistência de curadoria de Horrana Santoz, em parceria com o Instituto Moreira Salles. No contexto dos 60 anos do golpe militar, a exposição apresenta obras produzidas durante a ditadura brasileira pelo cineasta e fotógrafo Jorge Bodanzky, que estará presente na abertura. As exposições serão inauguradas durante a terceira edição do
FotoFestival Solar, uma parceria da Secretaria da Cultura do Ceará e do Instituto Mirante.

O evento ocorre entre 11 e 15 de dezembro, quando a Pinacoteca do Ceará recebe rodas de conversa e outras atividades ligadas às novas exposições em um diálogo da fotografia com outras linguagens artísticas. A participação na programação e a visitação às exposições são gratuitas no museu, que integra a Rede Pública de Equipamentos e Espaços Culturais da Secult Ceará e é gerido em parceria com o Instituto Mirante. Durante a semana de abertura, a visitação na Pinacoteca do Ceará terá horário estendido - de quarta (11) a sábado (14), das 12h às 21h, com acesso às exposições até as 20h30; e no domingo (15), das 9h
às 20h, com acesso até as 19h30.

Mapa da produção visual de um Brasil intenso “Delírio Tropical” traz uma cartografia da produção visual de um Brasil intenso a partir das mais diversas localidades, com artistas que lançam o olhar para o político e também para o inesperado, o desviante, o que ainda é pouco conhecido e pulsa em um complexo caldeirão multicultural. A exposição conduz o visitante por um fluxo que tenta traduzir um país e compreende o poder da imagem na formação nacional e na sua circulação em diversas mídias. A mostra articula autores que trazem o olhar de seus territórios, ora provenientes de grandes centros, ora das mais distintas regiões, a partir de um compromisso com a arte e o país.

A exposição convida o visitante a romper com olhares estereotipados, por meio de experiências distintas, em múltiplas linguagens - do impresso ao vídeo -, em que a imagem demarca tempos e reafirma seu papel histórico na construção do entendimento destes ambientes. Retratos de distintas épocas que fazem parte do imaginário nacional e colocam em xeque relações de poder e projeções de desejo. As imagens reunidas
na mostra sinalizam perspectivas de um país profundo, mediadas por artistas que não se eximem diante das
experiências da vida.

São 133 artistas que refletem sobre um Brasil complexo que se instaura entre a alegria, a ameaça à existência e a luta por direitos. Há uma diversidade sinalizada entre múltiplos corpos em atitudes potentes que demarcam posições de poder, alegria e inventividade. As paredes da exposição funcionam como se fossem espelhos, possibilitando diversas leituras de Brasil a partir de obras que, em alguns casos, foram feitas por artistas de gerações diferentes, mas que podem dialogar entre si. É o caso, por exemplo, da obra “Por um Fio”, na qual Anna Maria Maiolino, artista italiana que migrou para o Brasil, apresenta a si, sua mãe e sua filha unidas por um cordão pela boca. A imagem da década de 1970 se tornou emblemática na arte brasileira e pode ser conectada ao recente trabalho feito por Tadáskía: “Corda dourada”, um grupo de aparições feito entre Tadáskía e sua família. A ação começou quando Tadáskía amarrou uma corda dourada em uma maçaneta e ficou estendendo por um tempo indeterminado até tingir de cor verde a ponta da corda, com sua língua. Depois, seguindo da aparição Hálito (2019) e Suco Preto, Carne Dourada (2019), a artista inicia uma maneira de distribuir o ouro por gestos simples com seus familiares.

Na obra “Quintino”, o paraense Éder Oliveira retrata diversas versões do gatilheiro que se tornou o “Robin Hood” do Pará ao enfrentar um sistema fundiário cruel e revolta-se contra a invasão de terras na década de 1980. Da imagem de uma bandeira queimando no lago de Tucuruí, trazida pela artista Paula Sampaio, à pintura de Rafael Prado sobre os guardiões da floresta, está um país em disputa. Outra obra presente é “Atentado ao poder”, de Rosângela Rennó, que mostra violência aos corpos como um ciclo em repetição no país e foi apresentada na conferência Eco 92. Entre os artistas cearenses presentes, estão os fotógrafos Celso Oliveira e Samuel Macedo, além das artistas Céu Vasconcelos, Paula Trojany, Lyz Vedra e Waléria Américo, e ainda o cineasta Karim Aïnouz.

São artistas que ativam reflexões profundas e que, na curadoria, em diálogo com outros, ativam perspectivas que operam em rede, cada um como uma entrada, portal, para um universo singular. “Que país é este?” e o avesso da narrativa oficial No dia 11 de dezembro, a Pinacoteca do Ceará também abre ao público a exposição “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985”, que reúne pela primeira vez fotografias, reportagens audiovisuais, filmes super-8 e cenas dos principais filmes dirigidos pelo fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky durante a ditadura no Brasil. A mostra, uma itinerância em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), passeia por temas que permanecem atuais, como a violência no campo, a destruição ambiental e a luta dos movimentos sociais.

Fotógrafo, repórter e cineasta, Jorge Bodanzky (1942) investigou a cultura popular e os conflitos do país em uma ampla produção visual. Durante a ditadura, viajou pelo Norte e pelo Nordeste do país — incluindo o Ceará —, documentando a violência no campo e a devastação ambiental causadas pelas 
políticas desenvolvimentistas dos governos autoritários. Enfrentou a censura e a falta de financiamento nacional enquanto concebia obras que questionavam a ideia de progresso propagandeada pela ditadura e mostravam a realidade do país. A produção deste período, que tensiona os limites entre o documentário e a ficção, é o foco da exposição “Que país é este?”, que estreou em julho deste ano no Instituto Moreira
Salles, em São Paulo, e agora itinera na Pinacoteca do Ceará, em Fortaleza. Nela, são exibidos trechos de sete dos nove filmes dirigidos pelo cineasta no período, fotografias e projeções em Super-8 que serviam ao artista como uma espécie de diário de campo.

Com curadoria do coordenador do departamento de fotografia contemporânea do IMS, Thyago Nogueira, asistência de Horrana de Kássia Santoz e pesquisa de Ângelo Manjabosco e Mariana Baumgaertner, a exposição apresenta o período em que Bodanzky consolidou sua linguagem visual, atuando na fotografia, na televisão e no cinema. No centro da exposição, quatro grandes telas de projeção exibem cenas dos principais filmes do cineasta feitos no período. Entre os títulos incluídos, está “Iracema: uma transa amazônica” (1974), com codireção de Orlando Senna. As projeções criam diálogos entre as cenas para mostrar temas comuns, como as formas de exploração do trabalho, as lutas e resistências, a religiosidade e espiritualidade populares, e as distintas visões de progresso.

A abertura das novas exposições na Pinacoteca do Ceará ocorre a partir das 18h da quarta-feira (11), com a presença dos curadores e de parte dos artistas. Na semana em que ocorre a terceira edição do Fotofestival Solar, a Pinacoteca do Ceará também recebe atividades e rodas de conversa que dialogam
com as exposições em cartaz. Além de “Delírio Tropical” e “Que país é este?”, o museu segue com outra exposição ligada à fotografia: “Claudia Andujar. Minha vida em dois mundos”, que tem curadoria de Eduardo Brandão e traz diferentes facetas da fotógrafa suíça Claudia Andujar.

As exposições contam com diversos recursos de acessibilidade, como obra tátil, audiodescrição, Braille e vídeo em Libras, além de atividades formativas ao longo de todo o período de exibição.

Programação de abertura

No dia 13 de dezembro, de 18h às 19h30, o curador Orlando Maneschy participa de uma conversa sobre “Delírio Tropical”, acompanhado dos artistas Waléria Américo, Ayrson Heráclito, Paula Sampaio e Hal Wildson. A mediação é de Iana Soares. Em seguida, às 19h30, haverá a conversa “A política das imagens ou como narrar um país em luta”, com a participação dos cineastas Jorge Bodanzky e João Moreira Salles e a mediação de Bete Jaguaribe.

Durante o FotoFestival Solar, a Pinacoteca do Ceará também recebe a mostra Modos de Ver, com curadoria de Luciana Molisani e Isabel Santana Terron, uma parceria entre a Imaginária e o Solar. A mostra, que ficará aberta de 11 a 15 de dezembro, aborda questões de acessibilidade e direitos, destacando a importância de políticas inclusivas para pessoas com deficiência visual. Visitas mediadas com curadores das exposições, exibição de filmes e outras atividades também acompanham a programação desta semana. Acompanhe detalhes pelas redes sociais da Pinacoteca do Ceará.

SOBRE A PINACOTECA DO CEARÁ

Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção de arte do Governo do Estado, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. Desde a abertura, o museu já recebeu mais de 165 mil visitantes.

SERVIÇO

O que: Abertura das exposições “Delírio Tropical” e “Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985”
Quando: Quarta, 11 de dezembro de 2024, a partir das 18h 
Onde: Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de maio, s/n, Centro - Fortaleza)
Com acessibilidade em Libras
Classificação Indicativa: Livre

Funcionamento da Pinacoteca durante o Fotofestival Solar (11 a 15 de dezembro)
Quarta a sábado, 12h às 21h
Domingo, 9h às 20h



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