2018 2022 2024

MODOS DE VER

 

"Mesmo que toda imagem implique um modo de ver, nossa percepção ou apreciação da imagem também depende de nosso próprio modo de ver.”

— John Berger, Modos de Ver

 

Quem tem o direito de ver uma imagem? Quem tem o direito de ver um livro de fotografias?

A exposição Modos de Ver aborda questões de acessibilidade e direitos, destacando a importância de políticas inclusivas para pessoas com deficiência visual. Nosso objetivo é promover iniciativas que ofereçam novos modos de "ver" um livro de fotografias.

As leis de acessibilidade em nosso país têm avançado significativamente, garantindo maior autonomia e qualidade de vida para pessoas com deficiência. No entanto, a luta por mais acessibilidade e inclusão continua.

A acessibilidade atitudinal — práticas, atitudes e comportamentos que promovem a plena participação de pessoas com deficiência em igualdade de condições — é essencial para uma sociedade mais justa e igualitária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mais de 6,5 milhões de brasileiros têm deficiência visual, sendo 500 mil cegos e cerca de 6 milhões com baixa visão.

Como você descreveria um livro de fotografias para uma pessoa cega?

A audiodescrição traduz signos não-verbais (principalmente imagens) em signos verbais, permitindo que pessoas com deficiência visual experimentem um senso de pertencimento. Este processo requer pesquisa, técnica e conhecimentos específicos, e é realizado por uma equipe formada por roteirista, narrador, consultor (pessoa cega ou com baixa visão) e técnico de áudio.

Os três audiolivros apresentados nesta exposição — Os Cegos de Sophie Calle, Baixa Estima de Cicero Costa, e Beleza de Dalila Coelho — estão intrinsecamente conectados pelo tema central da percepção e representação da beleza e identidade em diferentes contextos.

Os Cegos, de Sophie Calle, explora como a deficiência visual molda a compreensão estética de indivíduos cegos desde o nascimento. Ao estabelecer uma dialética entre os testemunhos de várias gerações de pessoas cegas e as fotografias tiradas por ela com base nesses relatos, Sophie Calle oferece aos leitores uma reflexão sobre a ausência, sobre a perda de um sentido e a compensação de outro, sobre a noção do visível e do invisível.

Por outro lado, Baixa Estima, de Cicero Costa, aborda a percepção visual por meio das lentes da experiência pessoal e do cotidiano urbano. Cicero captura a melancolia e a crueza da vida em São Paulo, revelando uma beleza muitas vezes ignorada nos detalhes cotidianos e na vulnerabilidade humana.

Beleza, de Dalila Coelho, celebra barbearias, salões de beleza e casas de bronzeamento das periferias de Belo Horizonte, apresentando uma visão vibrante e colorida da busca pela autoexpressão através da estética. Coelho destaca a importância dos rituais de embelezamento como formas de empoderamento e integração social.

Esses audiolivros juntos oferecem uma perspectiva ampla e profunda sobre como diferentes modos de ver e experimentar a beleza e a identidade podem coexistir. Eles nos convidam a considerar a expressão estética não apenas como uma característica visual, mas como uma experiência sensorial, emocional e culturalmente construída.

A democratização do acesso à cultura e à informação é fundamental. Apesar dos avanços nas leis de acessibilidade no Brasil, a inclusão plena requer um esforço contínuo. Esta exposição é um passo em direção a um mundo onde todos têm o direito de "ver" e apreciar a forma das imagens, independentemente de suas capacidades visuais.


 

Visor, 2004/06

Rubens Mano

Intitulado visor, o trabalho faz alusão aos condicionamentos perceptivos e à maneira como estes se vinculam às estruturas de construção cultural e espacial, atuando diretamente sobre nossos processos de constituição de imagens.   a ação consiste na produção e na distribuição de uma grande quantidade de máscaras cuja forma se assemelha à das oferecidas por companhias aéreas em voos noturnos.   mas, ao contrário dessas, escuras e pensadas para vedar totalmente a luz, as máscaras da visão se apresentam como ativadores claros e luminosos.   recortadas em pvc incolor translúcido, elas exploram uma característica importante do material:  subtrair a nitidez do que está afastado de sua superfície;  facilitando a quem usa a máscara a experiência de uma espécie de ‘suspensão’ de sua habitual conexão com a paisagem.   

Com a colocação do dispositivo diante dos olhos, ao invés de signos e conteúdos, passamos a enxergar campos de luz e cor, afetando a lógica perceptiva e ‘interferindo’ na estabelecida relação com o ambiente ao redor.   assim, através da ressignificação de estímulos visuais e sonoros, este que usa a máscara experimenta um momentâneo estado de ‘repleto vazio’, e vivencia a (re)configuração de espaços em uma prática ampliada pela natureza transitiva da ação. 

 


CURADORIA
Parceria SOLAR / IMAGINÁRIA_

Isabel Santana Terron 
Luciana Molisani

CONSULTOR DE ACESSIBILIDADE 
Sidney Tobias

ROTEIRISTA E AUDIODESCRITORA
Keiko Trida

LOCUÇÃO
Taiz Lenk
Rafael Nimoi

SONOPLASTIA
Rafael Nimoi

EXPOGRAFIA
Nathalia Duran

AGRADECIMENTOS À FOTÓGRAFA 
Ana Cláudia Domingues

 

A exposição é realizada pelo Fotofestival SOLAR, em parceria com a KUYA - Centro de Design do Ceará e com Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Estado do Ceará (RECE). 

 

SERVIÇO
QUANDO 11 a 15 de dezembro de 2024
HORÁRIO Na semana de abertura, visitação de quinta a sábado, das 12h às 21h, com acesso até 20h30; e aos domingos, das 10h às 20h, com acesso até 19h30
ONDE PINACOTECA DO CEARÁ - Rua 24 de maio, Praça da Estação, s/n - Centro, Fortaleza - CE, 60020-000
GRATUITO. LIVRE.