DIA 9/12

 SEXTA-FEIRA 10H 

Redes latino-americanas de fotografia
Pablo Corral Vega (Poy Latam/Equador) conversa com Maíra Gamarra (Mira Latina)

Centro de Design, Estação das Artes


A partir da partilha de experiências na articulação de encontros entre fotógrafos, artistas, curadores, pesquisadores e públicos, Maíra Gamarra e Pablo Corral Vega conversarão sobre os muitos fios que tramam o que nomeamos de fotografia latino-americana. Serão apontadas as aproximações, as diferenças e os intercâmbios que constituem e transformam os territórios político, cultural e artístico da América Latina. 

Maíra Gamarra - Maceió, Brasil, 1983. Fotógrafa, curadora, gestora cultural e pesquisadora. Criadora do Mira Latina Lab., e da Residência Mira Latina, laboratório dedicado à fotografia latinoamericana que discute a imagem desde um viés crítico, político e contra-colonizador, onde desenvolve pesquisas, intercâmbios e acompanhamento de projetos no intuito de promover diálogo entre fotografes da América Latina. Foi Coordenadora de Operações do Museu Paço do Frevo e Gerente de Projetos na Art.Monta Design, especializando-se na elaboração e gestão de projetos, eventos e exposições artísticas. Atua como pesquisadora convidada no Redlafoto, do Centro de Fotografia de Montevidéu; professora no MBA Cultura Visual: Fotografia & Arte Latinoamericana e coordenadora do Grupo de Estudos Imagens e Feminismos GIF. Foi cocuradora do 10º Festival de Fotografia de Tiradentes e do I Festival de Fotógrafas Latino-americanas. Curadora de exposições como: Cromosoma X, do Coletivo La Niñas; Para voar fora da asa, coletiva do Mira Latina Lab.; Ajayu, da fotógrafa Wara Vargas; Tecendo redes em meio ao abismo, coletiva do I FFALA.

Pablo Corral Vega é um fotojornalista, advogado, escritor, artista e gestor cultural equatoriano que publicou seu trabalho na National Geographic, National Geographic Traveler, Smithsonian, New York Times Sunday Magazine, Audubon, revistas Geo na França, Alemanha, Espanha e Rússia, e em outras publicações internacionais. Foi Nieman Fellow na Universidade de Harvard. Foi o fundador e é o diretor do concurso de fotografia POY Latam, o maior da América Latina. É editor-chefe da revista POY Latam, espaço que busca aproximar arte e literatura do jornalismo, e foi curador da série Postais do Coronavírus do New York Times. Foi secretário de cultura de Quito de 2015 a 2019 e é autor de oito livros de fotografia.

 


 SEXTA-FEIRA 14H30 

Arquivo: organismo documental e reivindicador de memória
María Belén (Archivo Trans/ Argentina) e Guilherme Cunha (Retratistas do Morro) conversam com Daniela Moura. Com a participação de Afonso Pimenta e João Mendes

Centro de Design, Estação das Artes


De quem são as memórias que as brancas paredes de museus, os livros e arquivos decidem chamar de história? Arquivar uma imagem pode ser um gesto de memória, ou de esquecimento.

Neste encontro, conversamos sobre o arquivo como mecanismo de reivindicação de memórias com María Belén Correa, ativista Trans argentina de longa trajetória e fundadora do Archivo de la Memoria Trans (2012), Guilherme Cunha, artista, pesquisador, realizador cultural e idealizador do projeto Retratistas do Morro e com os fotógrafos Afonso Pimenta e João Mendes, autores das fotografias recuperadas por este projeto.

Ambos os acervos atuam na restauração, preservação e circulação de memórias particulares, que reunidas materializamr o registro das histórias de suas comunidades e operam pelo seu não-desaparecimento.

Archivo de la Memória Trans

María Belén Correa é uma ativista Trans argentina reconhecida. Em 25 de junho de 1993, junto com Claudia Pía Baudracco e outras ativistas, fundou a Asociación Travestis Transexuales Transgéneros Argentinas, da qual foi presidenta entre 1995 e 2001. Durante seu exílio em Nova York, junto com Paty Betancourt, fundou a Red Latinoamericana y del Caribe de Personas Trans (Redlactrans) em 2004, e nesse mesmo ano colaborou com a criação da Fundación Santamaria LGTB de Colombia, da qual é madrinha. Em 2005, criou o projeto TransEmpowerment NY, no âmbito do Lower East Side Harm Reduction Center, um centro para usuários de drogas LGTBI no sul de Manhattan, e ,em 2006, o grupo Mateando LGTB NY, formado por pessoas LGTBI da Argentina e Uruguai, no âmbito da Comissão Latina sobre AIDS e do programa SOMOS.

Recordando muitas mulheres transexuais assassinadas, ou mortas por complicações relacionadas ao HIV-AIDS, à aplicação de silicones líquidos e à falta de acesso aos cuidados de saúde e o abandono do Estado, em 2012 ela criou o Archivo de la Memoria Trans Argentina, com a intenção de recuperar e preservar a memória histórica do coletivo transexual em seu país. Em 2019 ela fundou a Cosmopolitrans, um grupo que trabalha para ajudar as pessoas trans migrantes na Alemanha.

Retratistas do Morro

Guilherme Cunha (Belo Horizonte, 1981) é artista visual, pesquisador e realizador cultural formado em artes plásticas pela Escola Guignard (UEMG) e Pittsate University (KS/EUA). Sua pesquisa poética se baseia na investigação sobre a construção de outros possíveis modelos de percepção e plataformas para produção de conhecimento. Foi artista residente do Atelier #3 na Casa Tomada (SP/2010), do JA.CA (BH/ 2014) e do RedBull Station (SP/2014); É co- idealizador e codiretor do FIF BH - Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (2013/2015/2017/2020). Foi contemplado no programa de exposições do Espaço Cultural Marcantônio Vilaça em 2015, no XIII e XIV Prêmio FUNARTE Marc Ferrez de Fotografia, no Rumos Itaú Cultural 2017/18 e na Bolsa Funarte de Estímulo à Conservação Fotográfica Solange Zúñiga 2019. Recebeu em 2017 o prêmio de preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, do IPHAN, o 30º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. É idealizador e coordenador do projeto Retratistas do Morro.

Daniela Moura - Fotógrafa e pesquisadora baiana, mestre em comunicação. Pesquisa, escreve, leciona e produz conversas e projetos sobre narrativas visuais. Dedica-se a investigar possibilidades de edição, circulação e agência política das imagens a partir de diferentes suportes, contextos e territórios, em especial os fotolivros.

Atuou como pesquisadora na Base de Dados de Livros de Fotografia, é professora convidada na Pós-Graduação de Fotografia da Belas Artes (SP) e Cultura Visual da Unicap (PE) e realiza a curadoria e mediação do ciclo de conversas do Festival Imaginária em parceria com a Lovely House.

 


SEXTA-FEIRA 16H30 

Arte e natureza: colonialidade e resistência
Giselle Beiguelman, Gilvan Barreto e Pedro David conversam com Marcella Marer

Centro de Design, Estação das Artes


Diante desta terra colonizada que chamamos Brasil, diversas gerações vivem a ideia de futuro, de avanço, de ordem e de progresso. Esse belo horizonte nos foi designado e tem raízes profundas em nossa terra. O presente nos mostra que para existir um porvir, é necessário desviver um certo passado. De que forma a arte pode ser um instrumento de resistência ao colonialismo que insiste em gerar sementes? Como a natureza pode ser o espaço favorável para desnutrir antigos mitos e reinventar o futuro? Estas são as questões centrais do diálogo entre Giselle Beiguelman, Gilvan Barreto e Pedro David, com mediação de Marcella Marer.

Giselle Beiguelman é artista e professora da FAU-USP. É autora de Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera (2021) e Memória da amnésia: políticas do esquecimento (2019), entre outros. Suas obras artísticas integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como ZKM (Alemanha), Jewish Museum Berlin, MAC-USP e Pinacoteca de São Paulo. Em seus projetos recentes, como Botannica Tirannica investiga a construção do imaginário colonialista das artes e das ciências.

Gilvan Barreto (Jaboatão dos Guararapes, PE, 1973) é fotógrafo e artista visual. Seu trabalho foca em questões políticas, sociais e ambientais, com influências do cinema e daliteratura. Foi reconhecido por importantes prêmios nacionais, como o Prêmio Brasil de Fotografia (em 2017 e 2014), Prêmio Marc Ferrez Funarte (2014), Conrado Wessel de Arte(2013), Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2017) e foi um dos artistas selecionados pelo programa Rumos (Itaú Cultural), em 2018 e 2014. Publicou diversos livros autorais, entre os quais Paraíso (Cobogó, 2022), Sobremarinhos (independente,2015), O Livro do Sol (Tempo D’Imagem, 2013) e Moscouzinho (Tempo D’Imagem, 2012). Dirigiu o documentário Prelúdio da Fúria e é codiretor de Novo Mundo (2020), web série e curta metragem sobre violência de Estado e racismo, entre outros trabalhos em audiovisual. Suas obras circulam em exposições, galerias e coleções de arte. Reside no Rio de Janeiro (RJ).

Pedro David - Santos Dumont, MG - 1977. Jornalista, formado pela Puc-Minas em 2001. Cursou pós graduação em artes plásticas e contemporaneidade na Escola Guignard – UEMG, em 2002. Dedica-se a interpretar relações entre o homem e seu ambiente, seja natural, rural, ou urbano. Busca, através de figuras de linguagem, como a metáfora e a metonínima, aliar estética, e política para criar diversos formatos de fotografias, vídeos, livros, e esculturas. Sua atuação parte de ambientes pessoais e traslada-se física e conceitualmente por diversas esferas da vida contemporânea. Publicou os livros Homem Pedra (Origem, 2020), 360 Square Meters (Blue Sky Books, 2015), Fase Catarse (Autor - 2008), O Jardim (Funceb, 2012), Rota Raiz (Tempo D’Imagem, 2013) e Paisagem Submersa (Cosac Naify, 2008). Participa de coleções e museus, como: Art Museum of the Americas – OAS – EUA; Bibliotèque Nacionale de France – França; Museu de Arte do Rio – MAR – RJ ; Coleção Joaquim Paiva – MAM-Rio; Musée du Quai Branly – França; MAM – SP; Museu Nacional da República – DF.

 


SEXTA-FEIRA 19H 

O que nos dizem as imagens?
Com Simonetta Persichetti

Praça do Museu da Imagem e do Som do Ceará


A partir da afirmação do filósofo e escritor Peter Burke de que a fotografia traz para a história o conhecimento do cotidiano, das experiências das pessoas comuns, vamos pensar a contemporaneidade no fluxo entre idolatria  e iconoclastia para procurar compreender as relações sociais criadas pelas imagens. Movimentos ambientalistas que atacam imagens nos museus, fotos de guerra que promovem o entretenimento. Museus que procuram evitar o apagamento histórico trabalhando histórias do passado. Estaríamos reafirmando estereótipos ou criando novos imaginários?

Simonetta Persichetti possui graduação em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (1979), mestrado emComunicação e Artes pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1995) e doutoradoem Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001), é Pós-Doutora pela Escola de Comunicação e Artes, USP (2017). Foi professorade Fotojornalismo no programa de graduação (2009-2021) e pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero na linha de pesquisa Jornalismo, Imagem e Entretenimento(2011-2021). Publicou os livros Imagens da Fotografia Brasileira I (1997) Imagens da Fotografia Brasileira II (2000). Foi também autora de entrevistas e textos para o livroEncontros com a Fotografia (2009). Organizou a coleção Senac de Fotografia, comoeditora de texto e imagem (2003-2009). Ministra palestras e cursos sobre fotografia pelo Brasil. É colunista e membro do Conselho Editorial da revista ArteBrasileiros e críticade fotografia do jornal Estado de S. Paulo. De 2009 a 2015, atuou como curadora de fotografia da Galeria Arte Plural, em Recife.

 


SEXTA-FEIRA 21H 

Horizontes Desejantes
com Alexandre Sequeira e Iana Soares, curadores da exposição, e artistas participantes

Museu da Imagem e do Som do Ceará


Toda imagem fotográfica é portadora de um desejo – espécie de força motriz que motiva nossa relação com a realidade e com os outros. Em sua condição lacunar, mais do que um reflexo do mundo concreto, a fotografia se apresenta como uma interpretação totalmente implicada com a subjetividade e a individualidade do autor, assim como também com a do espectador. Nesse sentido, o que nos é dado por ela é algo que escapa de uma lógica cartesiana de entendimento e nos convoca a alcançar um conhecimento que parte da imaginação. Segundo José Saramago, “cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos veem o que querem, fazem a diversidade do mundo, fabricam maravilhas”. 

Em tempos de mirar o horizonte e vislumbrar outros futuros, o Fotofestival SOLAR reúne os olhares desejantes de 26 artistas cearenses na forma de um caleidoscópio onde múltiplos pontos de vista se encontram, se confundem e se complementam para, a partir desse conjunto, refletirmos sobre questões como: desejo e alteridade; desejo e intimidade; desejo, corpo, rito e transcendência; desejo, distopia e utopia; desejo e paisagem; desejo e memória; desejo e existência.

Pensar a fotografia entre as tensões do real e do imaginário é pensar no poder emancipador do diálogo e da imaginação na elaboração de uma cartografia emocional de uma sociedade onde, tanto o espectador constrói a imagem, como a imagem constrói o espectador. Seguimos desejantes e às vezes, por um instante, enxergamos um horizonte comum. 

Alexandre Romariz Sequeira,1961. Belém-Pa. Artista visual, Mestre e Doutor em Arte pela UFMG e professor na graduação e na pós-graduação do Instituto de Ciências da Arte da UFPa. Desenvolve pesquisas na área de Artes, com ênfase em Fotografia e Arte Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: artes visuais, artes, curadoria e mostras de artes visuais. Participa de encontros de Fotografia, seminários e exposições no Brasil e exterior, é membro do Conselho Curatorial da Fotoativa/PA e atuou em Curadorias independentes, como também junto a instituições ou projetos como o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia/ PA, Fundação Badesc/SC, Mapeamento da Fotografia Contemporânea do Rio Grande do Norte/RN, ArteSesc Confluências/BR, Salão Arte Pará/PA e Projeto Rumos Artes Visuais/BR. 

Iana Soares, 1986. Fortaleza-CE. Jornalista, fotógrafa e professora. Tem interesse nas relações entre a palavra e a imagem, a literatura e a fotografia, o real e a imaginação. Fez mestrado em Criação Artística Contemporânea na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona. Tem Especialização em Escrita Literária pelo Centro Universitário Farias Brito. Foi articulista e editora do Núcleo de Imagem do Grupo de Comunicação O POVO, em Fortaleza, onde trabalhou entre 2009 e 2018. Coordenou o Programa de Formação Básica em Artes Visuais e o Programa de Fotopoéticas, da Escola Porto Iracema das Artes, entre 2018 e 2022. Integra a equipe de coordenação geral do Fotofestival SOLAR. Atualmente é coordenadora de Educação e Formação do Museu da Imagem e do Som do Ceará.