“Sonhar a razão é uma forma muito sul-americana de enfrentar a vida. Contém uma vontade de se fazer parte do destino, também de entender que mesmo o planejamento mais racional está submetido às circunstâncias. Em nossa tríplice militância de gestores, fotógrafes e sudacas, o Sonho que empreendemos faz una década que nos mantém acordados e alertas. Nas florestas ao sul do Rio Grande, um animal de luz encurralado se agita e emite fotografias. Algumas circulam por estas páginas”.
SUEÑO DE LA RAZÓN: FOTOGRAFIA SUL-AMERICANA
Há dez anos, a Fundação Simón I. Patiño de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, liderada na época por Roxana Moyano, iniciou um projeto editorial para desenvolver uma revista de abrangência regional no campo das ciências sociais. No entanto, várias considerações adiaram esse empreendimento, diante do qual decidimos propor a alternativa de utilizar os recursos já aprovados para fazer uma revista fotográfica sul-americana, que a partir das diferentes facetas dessa disciplina olhara para as sociedades em que vivemos. Ou seja, manter o eixo da publicação nas ciências sociais, mas com um instrumento cultural diferente, criativo e inovador. Seu apoio fervoroso foi decisivo para instalar Sueño de la Razón como uma coleção monográfica sul-americana, que propõe uma opinião coletiva sobre diversos aspectos de nossas realidades regionais. Esse impulso inicial nos permitiu, ao longo dessa década, investigar uma perspectiva que contribuísse para visualizar, a partir da fotografia e da sua conceptualização, a diversidade cultural do nosso continente, através da linguagem simbólica da imagem, tão profunda quanto sutil.
Em 2007, o primeiro Fórum Latino-Americano de Fotografia foi realizado em São Paulo com o apoio do Itaú Cultural e a gestão do Iatâ Cannabrava. Nessa ocasião, conhecemos pessoalmente muitos dos futuros colaboradores dessa equipe editorial do sul do Rio Grande. As várias reuniões e os vários eventos fotográficos que ocorreram na última década na América Latina foram essenciais para construirmos juntos olhares e reflexões críticas sobre a nossa atividade e suas implicações, e também confirmar que o encontro presencial é a maneira em que estamos interessados em nos relacionar.
Quando começamos esse sonho, convidamos, de entre um universo que se reuniu no Brasil, uma pessoa por país para trabalhar como editor. Entre suas características, os integrantes desse comitê se destacam por pertencerem a redes fotográficas locais, o que possibilitou termos acesso direto a coleções significativas e obras contemporâneas que não são necessariamente muito conhecidas. O comitê editorial fundador foi formado por Cecilia Lampo (BOL), Fredi Casco (PAR), Daniel Sosa (URU), Roberto Huarcaya (PER), Nelson Garrido (VEN), Pablo Corral Vega (ECU), Pio Figueiroa (BRA), Ataulfo Pérez Aznar (ARG), Andrea Jösch (CHI) e Luis Weinstein (CHI).
Temos muito orgulho de pertencer a esse grande grupo que desenvolve um trabalho afastado do lucro e que conseguiu se estruturar numa escala continental. Até agora, concentramos nossa atividade na América do Sul, porque nossa estrutura autogerenciada, a enormidade das distâncias e as várias realidades envolvidas não nos permitem abranger toda a América Latina, embora não a excluamos, pois constitui nosso ambiente imediato, bem como uma importante fonte, para os próximos dez anos, de geração de projetos culturais que nos mobilizam.
ANDREA JÖSCH
Andrea Jösch (Arica, 1973) Fotógrafo, Mestre em Gestão Cultural Universidade de Chile Atualmente coordenador de pesquisa e criação Faculdade de Arte Universidade Finis Terrae e coordenadora acadêmica do Mestrado em Pesquisa e Criação fotográfica da mesma instituição. Editor chefe e revista fundadora Fotografia Sul-Americana Dream of Reason (2009) e co-editor da revista Ojozurdo: fotografia e política (2017). Curadora de projetos artísticos em todo o imagens, realiza apoio editorial e participou de diferentes colóquios, seminários, workshops, comitês editoriais, nacionais e internacionais em Chile, México, Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia, Espanha, Peru, entre outros.
DANIEL SOSA DEBENEDETTI
Daniel Sosa Debenedetti Uruguaio nascido em 1971, o fotógrafo Daniel Sosa foi um dos os criadores do Centro de Fotografia de Montevidéu, onde atua como diretor de 2002. Instituto dedicado à promoção e difusão da fotografia no Uruguai e América Latina, o centro mantém um fundo de mais de 100 mil fotografias históricas do período entre 1840 e 1990, e mais de 30 mil imagens contemporâneas criadas de 1990 até os dias atuais. Um dos editores da revista Sueño de la Razón, coordena permanentemente 9 salas de exposição onde são exibidas obras de arte Fotógrafos contemporâneos uruguaios e de outros países. Além disso, produza um programa semanalmente na televisão, f / 22, dedicado à reflexão e à promoção da fotografia. O CdF organiza o Festival Internacional de Fotografia & quot; MUFF & quot; em uma base de três anos, que Daniel Sosa é o diretor.
FREDI CASCO
Assunção, 1967. Artista visual, curadora. Casco é co-fundador da El Ojo Salvaje, Mês da Fotografia em Paraguai e membro do comitê editorial da revista Sueño de la Razón. Atualmente é Diretor artístico da Fundação Texo de arte contemporânea. Seu trabalho visual foi apresentado na X Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015); o 55 Bienal de Veneza (Itália, 2013), ¨ América Latina 1960-2013 Photographies¨, Fondation Cartier pour l'art contemporain (Paris, 2013); ¨Agora você vê isso. Fotografia e Concealment¨, Metropolitan Museum of Art (Nova York, 2014), e seu primeiro Exposição individual na Europa, "La Fascination des Sirènes", Maison de l'Amerique Latine (Paris, 2014); BIENALSUR (Buenos Aires, 2017).
JULIETA ESCARDÓ
Julieta Escardó (Buenos Aires, 1970) É fotógrafa, editora e professora de fotografia. É Diretor de Fotografia, formado pela Escola Nacional de Cinema (ENERC). De 2002 dirige a Author Photo Book Fair (www.felifa.com.ar) que leva 16 edições em Buenos Aires, e 15 em diferentes cidades da América Latina. Ela é co-diretora do Editorial La Luminosa, onde publica livros de fotos de autores argentinos e latino americanos, e faz parte da equipe de editores do Sueño de La Razón. Atualmente dirige TURMA, uma plataforma para a disseminação da cultura visual América Latina, através de fotografia e livros (www.somosturma.com). Dicta Oficinas de publicação em vários países (Peru, Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile e Equador) e coordena o Programa TURMA, um ciclo de treinamento de dois anos interdisciplinar para fotógrafos e artistas visuais.
LUIS WEINSTEIN
Luis Weinstein nasceu em Santiago do Chile em 1957. Começou freelancer em 1980 como fotógrafo publicitário e editorial. Desde então, ele é formado em Comunicações, trabalha como anfitrião em televisão, como fotojornalista e como editora, curadora e produtor de fotografia. Ele foi um membro de longa data do Asociación de Fotógrafos Independientes (AFI), e presidente da organização em 1983. Weinstein jurou e produziu muitos festivais e concursos, incluindo o World Press Multimedia Júri do Concurso em 2014 e o Festival Internacional de Fotografia em Valparaíso. Ele é o autor de sete photobooks, edita a revista de fotografia americana Sueño de la Razón e regularmente exibe suas próprias fotografias internacionalmente.
PIO FIGUEIROA
É fotógrafo e diretor de filmes. Iniciou sua carreira no fotojornalismo, no Recife, cidade onde nasceu. Seus trabalhos integraram mostras importantes, como VER DO MEIO – Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2015); CARNAVAL, no Wexner Center (Ohio, EUA, 2014): MARCHA, no Masp (São Paulo, 2013); Agora, no museu Berardo (Lisboa, 2012). Sua pesquisa se pauta por uma estratégia com um forte traço do repertório adquirido no fotojornalismo, e que se expressa no campo da arte. Sua atuação, principalmente como fundador do coletivo Cia de Foto (2003/2013), serviu de parâmetro para uma grande revisão que foi feita na fotografia brasileira. É estudante de filosofia na Universidade de São Paulo. Editor da Revista Latino Americana Sueño de la Razón (http://www.suenodelarazon.org), e editor do blog Icônica (http://www.iconica.com.br ).
ROBERTO HUARCAYA
Estudou Psicologia na Universidade Católica do Peru, Cinema no Instituto Italiano de Cultura e Fotografia no Centro de Vídeo e Imagem (Madri, 1989), ano em que começa a dedicar-se à fotografia, é professor de Fotografia na Universidade de Lima (1990-1993), no Instituto Gaudí (Lima, 1993-1997) e no Centro de Fotografia, agora Centro da Imagen de Lima, desde 1999 e que é o fundador. Participa de exposições individuais, bienais e feiras de arte em Europa, Estados Unidos, América do Sul e Ásia. Seu trabalho faz parte da Maison Européenne de la Photographie em Paris, do Museu de Belas Artes de Houston, Museu MOLAA de Arte Latino-Americana na Califórnia, CoCA Center on Arte Contemporânea de Seattle, Colecção de Arte da Lehigh University, Museu de Arte de Lima, do Museu San Marcos em Lima, da Fundação América em Santiago de Chile, do Centro de Arte Contemporânea Wilfredo Lam em Havana, da Fototeca FOLA Latino-americana de Buenos Aires, da Coleção Privada Hochschild, Mulder, Quattrini entre outros. Ele é diretor do Centro de Imagens, co-diretor do Bienal de Fotografia de Lima de Lima Foto, feira especializada em galerias de fotografia e co-editor da revista Sueño de la Razón, revista latino-americana de fotografia.
TIAGO SANTANA
Brasil,1966. Fotógrafo e editor, atua desde 1989 desenvolvendo projetos no Brasil e na América Latina. Em 1994 recebeu a Bolsa Vitae de Artes, com o projeto Benditos, livro publicado em 2000; e o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia - FUNARTE em 1995. Em 2007 ganhou os Prêmios Conrado Wessel de Ensaio Fotográfico e APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo ensaio O Chão de Graciliano, livro publicado em 2006. Em 2010 recebeu o Prêmio Porto Seguro Brasil de Fotografia. Em 2011 teve seu trabalho Sertão publicado na coleção francesa Photo Poche. Em 2014 publicou o livro Céu de Luiz. Integra o comitê editorial da Revista Sueño de La Razón. É diretor artístico do Fotofestival SOLAR e fundador da Editora Tempo d’Imagem. Atualmente é presidente do Instituto Mirante de Cultura e Arte, que faz a gestão de vários equipamentos culturais no Ceará/Brasil, como o MIS - Museu da Imagem e do Som, Pinacoteca do Ceará, Estação das Artes e Centro Cultural do Cariri.