Fotógrafo profissional há mais de 20 anos, sempre envolvido em âmbitos diversos das imagens, tem foco especial nos segmentos da Publicidade e Moda, área em que também é graduado pela Universidade Federal do Ceará. O culto ao corpo e às celebrações comportamentais são também interesses amplificados em suas captações visuais e respaldam, inclusive, a vasta documentação que compõe há 15 anos em ensaios com viés antropológico e documental dos “Papangus”, personagens fantasiados que mantém vivas as simbologias de manifestações tradicionais nos festejos populares durante a Páscoa em regiões do sertão e litoral cearense. Gondim também tem amplo envolvimento profissional no Dragão Fashion Brasil, principal evento de moda do Ceará que participa desde quando foi pensado em 1999, integrado ao fotografar às minúcias de cobertura autoral do backstage. Afinal, ele preza trabalhos que lhe permitam estar mais perto das roupas, modelos e das ‘arrumações’ todas que compõem a construção da imagem de moda. “Sou apaixonado por moda e por comportamento, de como as pessoas se expressam através da forma de se vestir ou mesmo no despir”, resume Nicolas sem reduzir as projeções que atravessam o seu imaginário e resultam em variadas coleções nas mais diversificadas temáticas de registros fotográficos. Nome do ensaio: Arrumação. A fantasia e o inesperado, são estes alguns dos elementos que costuma encontrar nos seus contatos simbólicos com o desejo de vestir-se, enfeitar-se e cobrir-se. O ato de arrumar-se nesta série de imagens puras se contrapõe e se conecta ao significado coloquial de arrumação, onde este assume o sentido de lúdico e brincalhão. A pureza e a confusão se mesclam dando origem a resultados descompromissados, porém com uma profunda ligação estética-emocional-intuitiva - é a não moda, a negação e a afirmação da representação humana. A experiência com a fotografia de moda reservou para Gondim uma paixão pelo tema, mas é com a interpretação artística que buscou um horizonte que tivesse como pano de fundo a iniciativa crua e individual, o gosto particular com suas sínteses e antíteses, a peculiaridade da manifestação surreal e ilógica dos PAPANGUS. Assim dividindo e buscando essas novas experimentações que chegou ao mote desta experiência. É a “arrumação” na costumeira linguagem moleque, com suas traquinagens, mas que precisa arrumar-se em si para proteger e esconder, e em seguida revelar as peraltices e brincadeiras pueris. Sublinhando assim a moda e o corpo, a fantasia e a alegoria, em contraposição ao indivíduo e seu repertório estético. Surgem, portanto estes questionamentos que ultrapassam a linha uniforme representada pelo cotidiano, mas que se apresentam inerente ao indivíduo e a sua liberdade de expressão. Foi com esta sazonalidade do projeto, que a espera pelos “papangus e suas arrumações” reservaram sempre uma inesgotável fonte de inspiração pura e uma agradável surpresa. O palco é para todos e o lixo é barroco