O fotógrafo paraense Wagner Almeida vive em Belém e trabalha durante a madrugada até quase o dia raiar fotografando homicídios em toda a região central e nos bairros afastados da cidade. Sua fotografia é um retrato cruel da violência que vem devastando as capitais brasileiras. Com absoluto domínio sobre a realidade do que está diante dos seus olhos, o fotógrafo “enxerga” cada homicídio não como um fato isolado, documental, mas sim como uma sequência, como séries que diariamente vão construindo uma poética que possa ultrapassar a dor, a perda. Wagner Almeida começou a fotografar homicídios em 2008, para o jornal Diário do Pará. Primeiro como repórter fotográfico. Com o passar do tempo descobriu que o que tinha pela frente era um precioso exercício autoral. Tendo acesso aos lugares mais perigosos da cidade, podendo caminhar à vontade, no olho do furacão, registrando coisas que lhe chamavam a atenção. As fotografias da série Livrai-nos de Todo o Mal são marcadas pelo foco nas tatuagens, signos da história de vida da pessoa que jaz morta. A partir desse enfoque, seguiram-se as séries Vale das Sombras e Ocupação Luz Divina, respectivamente o entorno dos assassinatos e as condições de vida nas zonas mais perigosas de Belém.